Introdução
- A violência
está em toda parte.
- Não podemos
passar um dia sem ouvir uma notícia sobre atos violentos nos meios
de comunicação.
- Entretanto, mesmo
ocorrendo em nosso país, em nossa cidade, em nosso bairro, a questão
pode ficar um pouco distanciada e acadêmica até que somos
vítimas da violência, ou alguém próximo a nós
sofre algum tipo de agressão.
- Assaltos são
cada vez mais comuns, seqüestros deixaram de ser um pesadelo apenas
para os ricos e a violência se agrava muitas vezes seguida de assassinato.
- Uma estatística
recente, na cidade de São Paulo, indica que uma em cada duas pessoas
já foi assaltada.
- A impunidade se alastra,
os governos se omitem, o ideal expresso por Paulo, em 1 Tm 2.2, onde ele
nos comissiona a orarmos pelos governantes e autoridades, - para que possamos
ter uma vida "tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade"-
parece cada vez mais distante. Os casos a seguir são reais e ocorreram
todos com famílias evangélicas, irmãos nossos, aqui
no Brasil:
(1TM 2:1) - Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de
súplicas, orações, intercessões, ações
de graças, em favor de todos os homens,
(1TM 2:2) - em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de
autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade
e respeito.
==1.Um pai de família
com alguns de seus filhos retornava para a propriedade rural que possuem
em um estado do Norte do Brasil. O veículo é emboscado e
atacado a tiros. Morre o chefe da família e um dos filhos. Deixou
a esposa viúva, com vários filhos e filhas.
==2.Outro pai de família
de classe média, que reside no estado do Rio de Janeiro, é
seqüestrado e permanece em cativeiro por três semanas, sob
constantes ameaças de morte, até que é libertado,
sem o pagamento do resgate. Meses depois, ele e toda a sua família,
permanecem ainda traumatizados com a ocorrência.
==3.Um missionário
que reside na periferia de uma grande cidade nordestina, tem a sua propriedade
invadida por três homens. Durante quase três horas eles aterrorizam
a família e estupram a sua esposa e a sua filha mais velha, abusando
também da outra filha adolescente.
= Qual é a nossa
reação e compreensão do problema da violência?
O que tem a Palavra de Deus a dizer sobre o assunto? Qual a responsabilidade
dos governantes e das autoridades? Qual deve ser a postura do servo de
Deus, numa era de violência e criminalidade?
1.A violência
é um problema moderno?
No Salmo10, David,
seu provável autor, descreve o homem violento da seguinte forma
(vs.6-8): (SL 10:6) - Pois diz lá no seu íntimo: Jamais
serei abalado; de geração em geração, nenhum
mal me sobrevirá.
(SL 10:7) - A boca, ele a tem cheia de maldição, enganos
e opressão; debaixo da língua, insulto e iniqüidade.
(SL 10:8) - Põe-se de tocaia nas vilas, trucida (matar com crueldade)
os inocentes nos lugares ocultos; seus olhos espreitam o desamparado.
- A ameaça constante
acompanha a violência, assim como a linguagem desses é cheia
de blasfêmias e maldição. Os atos, entretanto, não
refletem a coragem propagada. Esses são, via de regra, traiçoeiros
e ciladas armadas contra os desamparados e indefesos.
= A violência
caracterizou o homem desde seus primeiros passos, logo após a queda.
A Palavra de Deus nos relata a história do primeiro homicídio,
em Gn 4.1-24. Lá, tomamos conhecimento como a ira de Caim contra
seu irmão, Abel, o levou a cometer assassinato.
(GN 4:3) - Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da
terra uma oferta ao SENHOR.
(GN 4:4) - Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho
e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta;
(GN 4:5) - ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou.
Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.
(GN 4:8) - Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando
eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão,
e o matou.
(GN 4:23) - E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá,
ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos:
Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou.
Entre os descendentes
de Caim, Lameque era violento e reagiu a agressões sofridas também
com assassinatos (Gn. 4.23-24).
(SL 73:1) - Com efeito,
Deus é bom para com Israel, para com os de coração
limpo.
(SL 73:2) - Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés;
pouco faltou para que se desviassem os meus passos.
(SL 73:3) - Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos
perversos.
(SL 73:4) - Para eles não há preocupações,
o seu corpo é sadio e nédio.
(SL 73:5) - Não partilham das canseiras dos mortais, nem são
afligidos como os outros homens.
(SL 73:6) - Daí, a soberba que os cinge como um colar, e a violência
que os envolve como manto.
- Assim, antes do dilúvio,
a violência já permeava a terra. Gn. 6.11 diz: "a terra
estava corrompida à vista de Deus, e cheia de violência".
Após o dilúvio,
Deus destruiu Sodoma e Gomorra pela impiedade, violência e imoralidade
existentes naquelas cidades.
Em Gn 19.5 lemos que
quando os anjos visitaram a Ló, os homens da cidade procuraram
arrombar a casa para arrancarem os dois varões formosos, para os
molestar sexualmente.
(GN 19:5) - e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão
os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora
a nós para que abusemos deles.
Mas adiante, ainda
no livro de Gênesis, lemos que Jacó, em suas palavras finais,
condenou a violência de dois de seus filhos - Simeão e Levi,
pois utilizaram a espada não para defesa, mas como "instrumentos
de violência" (49.5 e 6) para matarem homens e mutilarem touros.
(GN 49:5) - Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas
são instrumentos de violência.
(GN 49:6) - No seu conselho, não entre minha alma; com o seu agrupamento,
minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram
homens,e na sua vontade perversa jarretaram (cortar, amputar, decepar)
touros.
Abimeleque, filho de
Gideão, assassinou seus setenta irmãos, para conservar sozinho
a liderança, após a morte do pai (Ju. 9.24). A violência
marcou a vida de muitos reis de Israel, ao se afastarem dos caminhos de
Deus. Violência foi também, inúmera vezes, praticada
contra o povo de Deus, pelos seus inimigos.
(JZ 9:24) - para que a vingança da violência praticada contra
os setenta filhos de Jerubaal viesse, e o seu sangue caísse sobre
Abimeleque, seu irmão, que os matara, e sobre os cidadãos
de Siquém, que contribuíram para que ele matasse seus próprios
irmãos.
==Violência maior
foi praticada contra o Nosso Senhor Jesus Cristo, torturado, espancado
e pendurado pelas mãos e pés, com pregos, em uma cruz, culminando
com uma morte lenta e dolorosa, por asfixia, sem ter qualquer pecado.
==Ali ele sofria violência
e punição e morria em substituição aos seus
amados que constituem a sua igreja - aqueles que, pela graça de
Deus, o reconhecem como Salvador e Senhor de suas vidas.
==Muitos de seus discípulos
experimentaram violência, ao longo de suas vidas, encontrando morte
violenta, antes de passarem à glória eterna. O capítulo
da fé, Hebreus 11, fala dos servos fiéis que experimentaram
açoites, escárnios (zombaria), prisões, torturas
e mutilações, ficando necessitados, aflitos e maltratados.
A violência,
portanto, por mais presente que esteja em nossa era, não é
um problema moderno.
Temos a tendência de sempre olhar o nosso tempo época como
a pior que já existiu, mas quando lemos os relatos acima, da própria
Palavra de Deus, vemos a violência, imoralidade, crueldade e impiedade
sempre presentes no mundo.
Ocorre que ela é
uma conseqüência do pecado e sendo assim, a violência
está presente desde a queda de Adão, aparecendo as vezes
com maior, outras vezes com menor intensidade nas diversas épocas
da história da humanidade.
É verdade que
as pessoas sem Deus encontram, cada vez mais, formas sofisticadas de exercitar
a impiedade, mas lembremo-nos que mesmo que sejamos vítimas de
violência, Deus está presente e reina soberano, executando
justiça em seu próprio tempo.
Os problemas que possamos
estar atravessando com certeza já fizeram parte da experiência
de outros servos Seus. 1 Co10.13 nos ensina que as provações
a que somos submetidos não são exclusivas à nossa
experiência, mas são humanas, ou seja, comum aos demais homens,
e que Deus nos concede a habilidade de poder suportá-las.
(1CO 10:13) - Não vos sobreveio tentação que não
fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento,
de sorte que a possais suportar.
2. Como procurou Deus
restringir a violência?
O dilúvio foi
um ato de julgamento de Deus contra a violência que campeava a terra.
Foi assim que Deus falou a Noé (Gn. 6.13):
"Então disse Deus a Noé: resolvi dar cabo de toda a
carne, porque a terra está cheia de violência dos homens:
eis que os farei perecer com a terra".
Deus atingiu o mal
na raiz, deixando para repovoar a terra apenas a família que lhe
era temente. Deus, portanto, abomina a violência e não é
sem razão que o Salmo 34:16 diz,
"O rosto do Senhor está contra os que praticam o mal, para
lhes extirpar da terra a memória." Os violentos não
terão herança com Deus. Ele é contra o que oprime
e extorque (Salmo 35.10).
Após o dilúvio,
para o controle da violência, Deus instituiu a pena de morte (Gn
9.6), muito antes da lei civil da nação de Israel.
(GN 9:6) - Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se
derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.
A Pena de Morte foi
instituída por Deus naquela ocasião, portanto, como um dos
freios contra a violência e os assassinatos, fundamentada no fato
de que o homem foi criado à imagem dele próprio.
Ela foi comandada a
Noé e a seus descendentes, antes das Leis Civis ou Judiciais, numa
inferência de sua aplicabilidade universal.
Foi instituída
por Deus e não pelo homem, e ela ocorreu não porque Deus
desse pouca validade à vida do homem, mas exatamente porque Ele
considerava esta vida extremamente importante.
Dessa forma, perdia o direito à sua própria vida qualquer
um que ousasse atentar contra a criatura formada à imagem e semelhança
do seu criador.
A pena capital está
enraizada na Lei Moral de Deus que seria posteriormente codificada no
decálogo.
O 6º mandamento,
não matarás, expressa o mesmo princípio da santidade
da vida, contido na determinação a Noé. Essa compreensão
também é expressa na Confissão de Fé de Westminster,
no seu capítulo 23 e no Catecismo Maior, nas perguntas e respostas
135 e 136.
A lei civil de Israel
fornece solo fértil ao estudo de como Deus aplicou os princípios
de sua lei moral a um povo específico, em uma época específica,
com a finalidade de promoção de seus princípios de
justiça.
Sabemos que a lei moral
é normativa a todos em todos os tempos e que a lei civil era peculiar
à teocracia (Forma de governo em que a autoridade, emanada dos
deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes na Terra.)
de Israel, enquanto que a lei cerimonial ou religiosa apontava e foi integralmente
cumprida em Cristo.
Entretanto, mesmo sem
ser normativa para nós, podemos verificar como o sistema de crimes
e punições do povo de Israel era destinado a fazer com que
o crime realmente não compensasse e temos muito a aprender com
os registros das Escrituras. Veja esses pontos interessantes, como exemplos:
1 . No povo de Israel
não existia a provisão para cadeias, nem como instrumento
de punição nem como meio de reabilitação.
A cadeia era apenas um local onde o criminoso era colocado até
que se efetivasse o julgamento devido. Em Números 15.34 lemos:
"...e o puseram em guarda; porquanto não estava declarado
o que se lhe devia fazer..."
2 . Não encontramos,
na Palavra de Deus, o conceito de enclausuramento como remédio,
ou a perspectiva de reabilitação através de longas
penas na prisão e, muito menos, a questão de "proteção
da sociedade" através da segregação do indivíduo
que nela não se integra, ou que contra ela age.
3 . O princípio
que encontramos na Bíblia é o da restituição.
Em Levítico 24.21 lemos, (LV 24:21) - Quem matar um animal restituirá
outro; quem matar um homem será morto. A restituição
ou retribuição, era sempre proporcional ao crime cometido.
4 . Para casos de roubo,
a Lei Civil de Israel prescrevia a restituição múltipla.
Ex 22.4 diz "...se o furto for achado vivo na sua mão, seja
boi, seja jumento, ou ovelha, pagará o dobro."
Assim Deus estruturou
o seu povo com um sistema destinado a refrear a violência e a criminalidade.
Não há
sombra de dúvidas que Deus julgará a violência e que
ampara os seus, quando vítimas nas mãos do seu semelhante.
O Salmo 11.5 diz, "O
Senhor põe à prova o justo e ao ímpio; mas ao que
ama a violência a sua alma o abomina". O Salmo 72.13 e 14 registra
- "Ele tem piedade do fraco e do necessitado, e salva a alma aos
indigentes. Redime as suas almas da opressão e da violência,
e precioso lhe é o sangue deles".
3.Qual o papel do
estado, no que diz respeito à violência?
O salmo 55.9, que diz,
"...vejo violência e contenda na cidade", parece escrito
nos dias de hoje, e a visão de Ezequiel (7.23) é bem próxima
à nossa realidade: "Faze cadeia, porque a terra está
cheia de crimes de sangue, e a cidade cheia de violência".
O livro de Oséias
expressa a dissolução dos costumes e dá a razão
para esse estado de coisas - o afastamento de Deus e de seus princípios
de justiça. Em OS. 4.2, lemos: "O que prevalece é perjurar
(jurar falso), mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos
e homicídios sobre homicídios".
Porque? Porque "não
há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus"(v. 1).
Mas qual o papel do
estado, das autoridades, dos governantes no controle da violência?
Ele não pode
"converter" as pessoas à força - não está
em suas possibilidades nem faz parte de sua esfera de autoridade.
Mesmo sabendo que o
remédio final para a violência é o evangelho salvador
de Cristo, reconhecemos que o estado é o instrumento designado
por Deus para restringir o mal e para regular o relacionamento entre os
homens.
É pelas autoridades
que o constituem que oramos a Deus para que atinjamos aquele ideal que
nos referimos no princípio: que tenhamos uma vida "tranqüila
e sossegada, em toda a piedade e honestidade" ( 1 Tm 2.2). Ele é
a ferramenta que o povo recebeu de Deus para se manter em paz social.
==Não cabem
ao indivíduo ações violentas como reações
à violência.
A manutenção
da lei e da ordem não pertence a um grupo ilegal de "vigilantes"
ou "justiceiros" que massacram indiscriminadamente, sob a cobertura
de estarem punindo os criminosos.
O crente não
deve apoiar as ações fora da lei, por mais convenientes
que elas pareçam e por mais evidentemente criminosos que sejam
os massacrados.
Ele não se gloria
na guerra de quadrilhas, nem deve passar pelos seus lábios a famosa
frase: "ladrão bom é ladrão morto". Mas
Deus não quer os cidadãos indefesos.
O estado constituído,
os governantes, as autoridades estabelecidas, em qualquer sistema, são
ministros de Deus para aplicação dos princípios de
justiça.
==Sabemos que existem
governos negligentes e corruptos.
Isso sobrevirá
como uma terrível responsabilidade perante aqueles comissionados
com a tarefa de governar, mas o preceito de Deus é que o governo
correto deve ser o que louva ao que faz o bem e o que é vingador
para castigar o que pratica o mal.
Assim sendo, não
é sem motivo que possui armamentos para tal ("traz a espada"),
como lemos em Rm 13.1-7.
(RM 13:1) - Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores;
porque não há autoridade que não proceda de Deus;
e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
(RM 13:2) - De modo que aquele que se opõe à autoridade
resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão
sobre si mesmos condenação.
(RM 13:3) - Porque os magistrados não são para temor, quando
se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a
autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,
(RM 13:4) - visto que a autoridade é ministro de Deus para teu
bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem
motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador,
para castigar o que pratica o mal.
(RM 13:5) - É necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente por causa do temor da punição, mas também
por dever de consciência.
(RM 13:6) - Por esse motivo, também pagais tributos, porque são
ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço.
(RM 13:7) - Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo,
tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra,
honra.
Lembremo-nos, também,
que Paulo, sob a inspiração do Espírito Santo, escreveu
suas palavras não debaixo de um governo ideal, constituído
de governantes crentes e tementes a Deus, mas sob um governo imposto,
autoritário, invasor e também corrupto, mas nem por isso
menos responsável diante de Deus.
A violência,
conseqüência do pecado, está assim diretamente ligada
à omissão dos governos e das autoridades.
Ela cresce na medida
em que cresce a impunidade e o desrespeito ao homem como criatura de Deus,
criada à sua imagem.
Quanto mais o estado
age como ministro de justiça da parte de Deus mais decrescerá
a violência.
Por outro lado, a sua
parcialidade com os mais ricos, protegendo o acúmulo de riquezas
angariadas indevidamente, aprofundará os abismos e carências
sociais, gerando mais e mais problemas criminais.
A sua visão
atenuada da criminalidade, na busca de explicações sociais,
encorajará mais e mais violência na terra.
É necessário,
como indivíduos tementes a Deus, que tenhamos a visão clara
de que a principal função dos nossos governantes é
exatamente a promoção da paz social, com a visão
aguçada do bem e do mal, nos termos expressos pelas Escrituras.
Tudo o mais em que
se envolvem deveria ser secundário a esse dever bíblico
principal para com os seus cidadãos.
Devemos constantemente
relembrar isso aos nossos governantes.
4.Qual o comportamento
do Crente em uma era de violência?
Mesmo a violência
sendo algo que acompanha os passos da humanidade submersa em pecado, é
realidade que vivemos em uma era violenta, em um país violento.
Como crentes, devemos relembrar os seguintes pontos:
1.Se somos vítimas
de violência.
Podemos ser vítimas
de violência, como vimos nos exemplos mencionados na introdução,
ou como já pode ter sido a sua experiência.
Pode ser que você
esteja agora sendo vítima de violência doméstica e
ninguém sabe disso.
Lembre-se que Deus reina soberanamente e ele tem um propósito para
tudo, mesmo que não entendamos o que está ocorrendo, em
um determinado ponto de nossas vidas.
Se o irmão ou
irmã está sendo vítima de violência, no temor
do Senhor e em oração, procure a ajuda e aconselhamento
em sua Igreja, com o seu pastor, com um dos oficiais, com um irmão
ou irmã amiga.
Saiba que Deus não
lhe desampara (Sl 72.13-14). Se você já foi vítima
de violência, ore para que possa agir como o apóstolo Paulo,
quando escreveu em 1 Co 1.4, "É Ele que nos conforta em toda
a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem
em qualquer angústia, com a consolação com que nós
mesmos somos contemplados por Deus".
Peça a Deus
que lhe console e que lhe conforte, mas vá além disso -
ninguém entende mais o que uma outra pessoa, que foi vítima
de violência, está passando, do que você, que também
já foi.
Aproxime-se, console-a
também. Paulo continua, no v. 6: "Mas, se somos atribulados,
é para o vosso conforto". Ore para que Deus lhe use bem como
a sua experiência tão adversa e devastadora para o bem do
seu Reino.
2.Não confiar
em nossas próprias forças.
O Salmista, em uma
era de guerras e batalhas afirmava: "Não confio no meu arco
e não é a minha espada que me salva" (Salmo 44.6).
A sua confiança estava no Senhor, e por isso ele continua: "Levanta-te
para socorrer-nos, e resgata-nos por amor da tua benignidade". Que
Ele seja também a nossa confiança e fonte de poder.
3.Procurar Refúgio
em Deus.
O medo existe em meio
à violência, mas Deus é maior do que todos e ampara
os seus.
O Salmo 22 é
um salmo messiânico profético que retrata a violência
que seria cometida contra o ungido de Deus, Cristo Jesus. Mas ele é
também o reflexo da experiência de David. Houve ocasiões
de mêdo em sua vida: "derramei-me como água e todos
os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como
cera, derreteu-se dentro de mim (v.14)", mas a confiança no
livramento de Deus era constante: "Livra-me a minha alma da espada,
e das presas do cão a minha vida"(v. 20). Ele sabia que Deus
ampara os seus: "Pois não desprezou nem abominou a dor do
aflito, nem ocultou dele o rosto, mas ouviu, quando lhe gritou por socorro".
Em 2 Samuel 22.3 temos
o registro de David exclamando: "Ó Deus, da violência
tu me salvas."
Não deve haver desespero, portanto, na vida do crente. Oremos por
coragem advinda de Deus e para que ele remova o medo e a apreensão
na presença de tanta violência.
4.Nunca ser violento.
O crente não
deve ser violento, mas deve ser conhecido por sua mansidão e índole
pacífica. Assim somos instruídos em Mateus 5.1-12, no sermão
da montanha, por nosso Senhor Jesus Cristo.
(MT 5:1) - Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se
assentasse, aproximaram-se os seus discípulos;
(MT 5:2) - e ele passou a ensiná-los, dizendo:
(MT 5:3) - Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles
é o reino dos céus.
(MT 5:4) - Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
(MT 5:5) - Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
(MT 5:6) - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão fartos.
(MT 5:7) - Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia.
(MT 5:8) - Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus.
(MT 5:9) - Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados
filhos de Deus.
(MT 5:10) - Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça,
porque deles é o reino dos céus.
(MT 5:11) - Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem,
e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
(MT 5:12) - Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão
nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes
de vós.
Devemos poder exclamar
como Jó (16.17): "... não haja violência nas
minhas mãos, e seja pura a minha oração". Isso
quer dizer também:
- Nunca exercer violência
física no lar - Com isso não queremos dizer que a disciplina,
da parte dos pais, não deve existir, mas devemos discernir entre
a firme disciplina - mencionada em Pv. 10.13 e 24; 22.15; 23.13 e 14;
29.15 - e a violência que é fruto da ira inconseqüente,
como lemos em Pv. 9.18 - "Castiga a teu filho enquanto há
esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo").
- Nunca exercer violência
psicológica no lar - assim somos exortados em Ef. 6.4 "E vós
pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na
disciplina e na admoestação do Senhor."
5.Apoiar a lei e a
ordem - Devemos procurar encorajar o exercício da justiça
de Deus (Jr. 22.3) "Assim diz o Senhor: executai o direito e a justiça,
e livrai o oprimido da mão do opressor; não oprimais ao
estrangeiro nem ao órfão, nem à viúva; não
façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar".
Nunca devemos deixar
de orar por nossos governantes, para que eles sejam ministros eficazes
de Deus (1 Tm 2.1,2a).
6.Olhar para o alvo.
Devemos almejar o ideal, expresso de forma precisa, profeticamente, por
Isaías (59:18) "Nunca mais se ouvirá de violência
na tua terra, de desolação ou ruína nos seus termos;
mas aos teus muros chamarás Salvação e às
tuas portas Louvor", sabendo que Deus nos resgatou do pecado exatamente
para que tenhamos esse tipo de paz, que é um prenúncio da
paz eterna, em Sua presença.
7.Pregar a palavra.
Devemos ter o convencimento que a violência, sendo uma conseqüência
do afastamento de Deus e de seus princípios tem o seu remédio
final na conversão do pecador.
Nisso podemos e devemos ser agentes contra a violência, fazendo
como o profeta Jonas, que, ordenado por Deus pregou em uma grande cidade,
com resultados espantosos para nós, mas nunca impossíveis
para Deus. Em Jonas 3.8 lemos: "... e clamarão fortemente
a Deus; e se converterão, cada um, do seu mau caminho, e da violência
que há nas suas mãos".
Leituras sugeridas:
Seg.:Gn 4.4-15 - A
primeira manifestação de violência.
Ter.:Gn 9:5-17 - Deus
condena a violência e estabelece um pacto de paz.
Quar.:Os 4.1-6 - A
violência em uma sociedade sem Deus.
Qui.:Mt 5.1-12 - A
postura pessoal do crente é pacífica e não violenta.
Sex.:Mt 26:46-52 -
Cristo entrega a sua vida e condena a violência.
Sáb.:Rm 13.1-7
-O governo ideal reprime os violentos e recompensa os ordeiros.
Dom.: Ap 13.7-10 - Violência contra os santos de Deus.
Artigo de Solano Portella.