A CENTRALIDADE
DE CRISTO NO MINISTÉRIO DE JOÃO BATISTA
Apesar de
não realizar curas, de não escolher palavras amenas na
condenação do pecado e da hipocrisia, de vestir-se e alimentar-se
de modo estranho e de pregar no deserto da Judéia e não
em cidades, João Batista atraía multidões “de
Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a região
ao redor do Jordão” (Mt 3.5). O último dos profetas
nunca tentou alargar a porta que Jesus chamaria de estreita, nem desapertou
o caminho que Jesus chamaria de apertado. Ele exigia a reflexão
do arrependimento e o “fruto” do arrependimento, a mudança
de comportamento. Por exemplo, segundo ele, quem tem duas túnicas
e comida farta, deve dar uma peça de roupa e um prato de comida
para quem não tem o que vestir e o que comer. O cobrador de impostos
que rouba o contribuinte, deve passar a cobrar nada além do que
a lei manda. Os soldados devem recusar qualquer suborno e se contentar
com o seu salário (Lc 3.10-14).
A autoridade de João Batista era tal que chegavam a supor que
ele era o Cristo que havia de vir, ou o próprio Elias de carne
e osso ou um dos antigos profetas (Jo 1.19-25). Todo o sucesso e mistério
que envolviam João Batista não foram suficientes para
molestar o seu permanente cristocentrismo. Ele cumpriu sua parte no
cumprimento das profecias como precursor de Jesus Cristo. João
não se deixou aparecer mais do que o Senhor e nunca se valeu
do entusiasmo popular para roubar cenas que pertenciam a Jesus. Basta
lembrar os seus testemunhos:
1. “Aquele que
vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes
de mim” (Jo 1.15, 30).
2. O batismo dele é
muito mais importante do que o meu, pois eu batizo com água, e
ele, com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11).
3. Ele é tão
mais poderoso do que eu que não sou digno nem sequer de desamarrar
as correias das sua sandálias (Lc 3.16).
4. Sou apenas a voz
do que clama no deserto (Jo 1.23), mas Ele é “o Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29)
5. Eu exorto ao arrependimento,
mas ele traz a pá em suas mãos a fim de limpar a sua eira
e juntar o trigo em seu celeiro, para, então, queimar a palha com
fogo que nunca se apaga (Lc 3.17).
6. Eu sou o apagar
das luzes da antiga dispensação e ele é superior
em muito a Moisés. A dura lex nos foi dada por intermédio
de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por intermédio
de Jesus (Jo 1.17).
7. Eu não passo
de um homem vestido de peles de camelo, mas ele é a imagem visível
do Deus invisível (Jo 1.18; Cl 1.15).
8. Eu sou testemunha
ocular de que o Espírito desceu dos céus como pomba sobre
Ele e testemunha auricular do que o Pai lhe disse na hora do batismo:
“Este é o meu filho amado, em quem me agrado” (Jo 1.34).
(Revista Ultimato - Edição 302)